quarta-feira, 14 de abril de 2010

BAGDÁ

BAGDÁ

MEU COMENTÁRIO: realmente Bagdá tem o seu esplendor, mas não pode ser comparada com Jerusalém. Jerusalém é cidade escolhida de Deus. Jesus chegou a dizer que ninguém deveria jurar por Jerusalém, porque ela é a cidade do Grande Rei (O Messias Salvador).

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Bagdá: um símbolo da história corre risco
MARCELO REDE
especial para a Folha Online

O assombroso espetáculo de explosões visto desde o início da segunda guerra do Iraque teria um impacto imenso mesmo que as bombas estivessem caindo sobre uma cidade desconhecida e sem passado.

Mas não é o caso. O ataque tem um significado maior porque o alvo principal é Bagdá. A importância da capital na história do islamismo e a simbologia de sua imagem _tanto no Oriente como no Ocidente_ fazem com que a destruição em curso seja ainda mais perversa.

Não se sabe exatamente quando Bagdá surgiu. Em 762, o califa Al-Mansur a elegeu para ser a sede do califado abássida. A escolha do lugar foi bem refletida. Bagdá encontra-se no centro da bacia mesopotâmica, às margens do rio Tigre, mas no ponto em que o Eufrates está próximo, a não mais de 40 km. A cidade domina igualmente o entroncamento com o rio Diyala e não está muito longe do sopé dos montes Zagros. O acesso ao Irã a leste, às zonas pantanosas e ao golfo Pérsico ao sul, à Anatólia ao norte e ao deserto e ao Mediterrâneo a oeste é privilegiado.

Os dois séculos que se seguiram à fundação foram uma época de ouro. A cidade transformou-se em um dos mais poderosos centros políticos do mundo islâmico e era chamada de Madînat al-Salam, a "vila da salvação". Sua importância comercial a colocou entre os principais pólos econômicos da Terra.

Também como centro de saber, estudo religioso e ciência, ganhou fama. O mundo muçulmano encontrava-se em plena expansão, ocupando o norte da África e chegando até a península Ibérica. Bagdá firmou-se nessa constelação de cidades que desempenharam um papel fundamental na cultura islâmica de então, ao lado de Córdoba, Sevilha e Granada (na Espanha), Damasco e Alep (na Síria), Jerusalém (no território palestino) e Fustat, depois Cairo (no Egito). Foi durante esse período que uma parte dos contos das "Mil e Uma Noites" foi compilada. Os ulamas, sábios islâmicos, confluíam para o califado de Bagdá.

Além da religião, da literatura e do saber muçulmanos, boa parte da herança ocidental, em particular a grega, foi preservada e transmitida pelos sábios da cidade. Enquanto a Europa ocidental se enclausurava em uma vida rural, a evolução urbana nas cidades islâmicas foi acelerada: no fim do século 8, Bagdá já alcançava 6.000 hectares e contava talvez com mais de 1 milhão de habitantes. O tecido urbano se enriquecia com palácios, mesquitas, escolas (madrasas), mercados (suqs), casas de banhos e jardins. As relações mercantis com a Índia e a China se consolidavam e Bagdá passou a ser um elo fundamental da chamada "rota da seda".

Da arquitetura desse período de esplendor, quase nada restou. A trajetória da cidade foi desde cedo também uma história de invasões e destruição. Em 1258, os mongóis destruíram Bagdá. No século 16, os otomanos conquistaram a cidade, e a ocupação se prolongou por séculos. Com o desmoronamento do Império Otomano, no fim da Primeira Guerra Mundial, a região se transformou em protetorado britânico em 1920, permanecendo nessa condição até a independência iraquiana em 1932.

A sucessão de conquistadores deixou suas marcas e contribuiu para esvaziar pouco a pouco a cidade de suas riquezas. Ainda assim, o patrimônio de Bagdá é inestimável, a começar pelo museu da cidade, principal acervo mundial sobre as civilizações mesopotâmicas. Junte a ele o mausoléu dos Imãs, a "mesquita dourada", o mausoléu de Shuravardi e a madrasa de Mustansiryya _essa, uma das mais importantes universidades do país, bombardeada nos primeiros dias da guerra.

Poucas cidades na história são tão carregadas de simbolismo cultural. No imaginário da humanidade, Bagdá ombreia com Jerusalém, Alexandria, Atenas ou Roma. No passado, outras cidades, muitas delas vizinhas, tiveram o mesmo papel, mas desapareceram sob o peso das guerras dos homens: Babilônia, Assur, Níneve, Persépolis. Infelizmente, o atual conflito, além de vidas humanas, talvez esteja riscando do mapa um símbolo.



FONTE:

Marcelo Rede é professor de história antiga da UFF (Universidade Federal Fluminense) e doutorando em assiriologia na Universidade de Paris-Sorbonne. Integra, como membro estrangeiro, o Laboratório de História e Arqueologia do Oriente Cuneiforme do CNRS de Nanterre


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Bagdá, a capital do Iraque, teve boa parte da sua infra-estrutura urbana destruída pelos bombardeios provocados pela aviação norte-americana durante a Guerra do Golfo, fato que a deixou isolada de quase todo o mundo. No passado, porém, foi diferente. Construída pela fé islâmica, ela foi a primeira cidade planejada pela nova religião com a clara função de ser a catapulta para que a palavra do profeta Maomé fosse lançada para as terras da Índia e da Ásia.


FONTE: aepeducacao.wordpress.com/.../

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